sábado, 2 de agosto de 2008
terça-feira, 15 de julho de 2008
A Grande Torre-Quais são os profissionais mais importantes da sociedade?
Depois de terminado mais um ano lectivo , trabalhoso e bastante conturbado do ponto de vista das políticas para educação, e numa altura em que se fala de crise de valores e na degradação da imagem e do papel do professor na escola actual, resta-nos deixar uma reflexão de um educador já referenciado por nós- Augusto Cury- sobre o estado actual da sociedade e a crise na educação. Esta reflexão vem na parte final de um livro, sugerido por nós neste blog – Pais Brilhantes, Professores Fascinantes – Como formar jovens felizes e inteligentes , livro que todos pais e educadores deveriam ler, pois a sua mensagem vai ao encontro das nossas inquietações, angustias.
O poético sonho de reconquistar o valor da educação, tranposto para a história da Grande Torre, é ainda uma miragem na sociedade actual. Mas, enquanto a sociedade não acorda, Augusto Cury procurou , no final do livro, prestar uma homenagem aos pais e aos professores, como agentes e “ construtores de um mundo melhor”. Conta então o autor:
Quais são os profissionais mais importantes da sociedade?
“ Num tempo não muito distante do nosso, a humanidade tornou-se tão caótica que os homens fizeram um grande concurso. Eles queriam saber qual a profissão mais importante da sociedade. Os organizadores do evento construíram uma grande torre dentro de um enorme estádio, com degraus cravejados de pedras preciosas. A torre era belíssimaa.Chamaram a imprensa mundial, a televisão, os jornais , as revistas e as rádios para realizarem a cobertura do acontecimento.
O mundo estava de olhos postos no evento. No estádio, pessoas de todas as classes sociais comprimiam-se para ver a disputa de perto. As regras eram as seguintes: cada profissão era representada por um ilustre orador e este deveria(...) fazer um discurso eloquente e convincente sobre os motivos pelos quais a sua profissão era a mais importante na sociedade moderna. A votação era mundial e pela internet.
Nações e grandes empresas patrocinavam a disputa. A categoria vencedora receberia prestígio social, uma grande soma em dinheiro e subsídios do governo.(...)
O mediador do discurso Bradou: “ O espaço está aberto!”
Sabem quem subiu primeiro à torre? Os educadores? Não! O representante da minha classe, a dos psiquiatras.
Ele subiu à torre e a plenos pulmões proclamou: “ As sociedades modernas tornar-se-ão uma fábrica de stresse. A depressão e a ansiedade são as doenças do século. As pessoas perderam o encanto pela existência. Muitas desistem de viver. A indústria dos anti-depressivos e dos tranquilizantes tornou-se a mais importante do mundo” (...)
O representante dos psiquiatras concluiu: “ O normal é ter conflitos e o anormal é ser saudável. O que seria da humanidade sem os psiquiatras?(...)
No estádio reinou o silêncio. Muitos da plateia olharam para si mesmos e perceberam que não eram alegres, estavam “stressados”, dormiam mal, acordavam cansados, tinham uma mente agitada, dores de cabeça.(...)
Em seguida, o mediador bradou: “O espaço está aberto!”. Sabem quem subiu depois? Os professores? Não! O representante dos magistrados – os juizes de Direito.
Ele subiu (...) e desferiu palavras que abalaram os ouvintes: “ Observem os índices de violência!(...) Os raptos, os assaltos e a violência no trânsito enchem as páginas dos jornais. A agressividade nas escolas, os maus tratos infantis, a discriminação racial e social fazem parte da nossa rotina. Os ouvintes menearam a cabeça, concordando com os argumentos. Em seguida, o representante dos magistrados foi mais contundente: !O tráfico de drogas movimenta tanto dinheiro como o petróleo. Não há como extirpar o crime organizado.(...)Sem os juizes e os promotores , a sociedade esfalece-se. Por isso , declaro que, com o apoio dos promotores e do aparelho policial, representamos a classe mais importante da sociedade.”
Todos engoliram em seco estas palavras. Elas perturbavam os ouvidos e queimavam a alma(...) Em seguida, o mediador, já a suar de frio, disse: “ O espaço está novamente aberto!”
Um outro representante mais intrépido subiu a um degrau mais alto da torre. Sabem quem foi desta vez? Os educadores? Não!
Foi o representante das forças armadas . Com uma voz vibrante e sem delongas, ele discursou: “Os homens desprezam o valor da vida. Eles matam-se por muito pouco. O terrorismo elimina milhares de pessoas. A guerra comercial mata milhões de fome.(...)As nações só se respeitam pela economia e pelas armas que possuem.Quem quiser a paz tem de se preparar para a guerra. Os poderes económico e bélico, e não o diálogo, são os factores de equilíbrio num mundo espúrio.”
As suas palavras chocaram os ouvintes, mas eram inquestionáveis. Em seguida, ele concluiu: “ Sem as forças armadas, não haveria segurança.(...) Os homens das forças armadas não são apenas a classe profissional mais importante, mas também a mais poderosa.” A alma dos ouvintes gelou.(...)
Os argumentos dos três oradores eram fortíssimos. A sociedade tinha-se tornado um caos. (...)
Ninguém mais ousou subir à torre. Em quem votariam?
Quando todos pensavam que a disputa estava encerrada, ouviu-se uma conversa na base da torre. De quem se tratava? Desta vez eram os professores. Havia um grupo deles da pré-primária, do ensino básico, do secundário e do universitário (...) e dialogavam com um grupo de pais. (...)As câmaras de televisão focaram-nos e projectaram a sua imagem numa grande tela. O mediador gritou para que um deles subissem à torre. Eles recusaram-se.
O mediador provocou-os: “ Há sempre cobardes numa disputa.” Houve risos no estádio. Fizeram troça dos professores e dos pais.
Quando todos pensavam que eles eram frágeis, os professores, com o incentivo dos pais, começaram a debater as ideias apresentadas, permanecendo no mesmo lugar.(...)
Um dos professores, olhando para o alto, disse ao representante dos psiquiatras: “ Nós não queremos ser mais importante do que vocês. Apenas queremos ter condições para educar a emoção dos nossos alunos, formar jovens livres e felizes, para que não adoeçam e sejam tratados por vocês.” O representante dos psiquiatras recebeu um golpe na alma. Em seguida, um outro professor (...) olhou o representante dos magistrados e disse: “ Nunca tivemos a pretensão de ser mais importantes do que os juízes. Desejamos apenas ter condições para lapidar a inteligência dos nossos jovens, fazendo-os amar a arte de pensar e aprender a grandeza dos direitos e dos deveres humanos. Assim, esperamos que nunca se sentem no banco dos réus.” O representante dos magistrados tremeu na torre.
Uma professora, ao lado esquerdo da torre, aparentemente tímida, encarou o representante das forças armadas e falou poeticamente: “ Os professores de todo o mundo nunca desejaram ser mais importantes do que os membros das forças armadas. Desejamos apenas ser importantes no coração das nossas crianças. Almejamos levá-las a compreender que cada ser humano não é apenas um número na multidão, mas um ser insubstituível, um actor único no teatro da existência.”
A professora fez uma pausa e completou: “ Assim, eles apaixonar-se-ão pela vida e, quando detiverem o controlo da sociedade, nunca farão guerras, sejam guerras físicas que tiram o sangue, sejam comerciais que tiram o pão. Pois cremos que os fracos usam a força, mas os fortes o diálogo para resolver os seus conflitos. Cremos ainda que a vida é a obra-prima de Deus, um espectáculo que nunca deve ser interrompido pela violência humana.”
Os pais deliraram de alegria com estas palavras. Mas o representante do sistema judicial quase caiu da torre.
Não se ouvia um zumbido na plateia. O mundo ficou perplexo. As pessoas não imaginavam que os simples professores, que viviam no pequeno mundo das salas de aula, fossem tão sábios. O discurso dos professores abalou os líderes do evento. Vendo ameaçado o êxito da disputa, o mediador do evento disse arrogantemente: “ Sonhadores! Vocês vivem fora da realidade!” Um professor destemido bradou com sensibilidade: “ Se deixarmos de sonhar, morreremos!”
Sentindo-se questionado, o organizador do evento pegou no microfone e foi mais longe na sua intenção de ferir os professores: “Quem se importa com os professores actualmente? Comparem-se com as outras profissões. Vocês não participam das reuniões políticas mais importantes. A imprensa raramente os noticia. A sociedade pouco se importa com a escola. Olhem para o salário que vocês recebem no final do mês!” Uma professora fitou-o e disse com segurança: “ Não trabalhamos apenas pelo salário, mas pelo amor dos seus filhos e de todos os jovens deste mundo.
Irado, o líder do evento gritou: “ A sua profissão será extinta nas sociedades modernas. Os computadores estão a substituí-los! Vocês não são dignos de estar nesta disputa!”
A plateia, manipulada, mudou de lado. Condenaram os professores. Exaltaram a educação virtual. Gritaram em coro: “ Computadores! Computadores! Fim dos professores” O estádio entrou em delírio repetindo esta frase. Sepultaram os mestres. Os professores nunca tinham sido tão humilhados. Golpeados por estas palavras, resloveram abandonar a torre. Sabem o que aconteceu?
A torre desabou. Ninguém imaginava, mas eram os professores e os pais que seguravam a torre. A cena foi chocante. Os oradores foram hospitalizados. Os professores tomaram então outra atitude inimaginável: abandonaram, pela primeira vez, as salas de aula..
Tentaram substituí-los por computadores, dando uma máquina a cada aluno. Usaram as melhores técnicas de multimédia. Sabem o que aconteceu?
A sociedade desabou. As injustiças e as misérias da alma aumentaram mais ainda. A dor e as lágrimas expandiram-se A prisão da depressão, do medo e da ansiedade atingiu grande parte da população. A violência e os crimes multiplicaram-se.(...)
Estarrecidos, todos compreenderam que os computadores não conseguiam ensinar a sabedoria, a solidariedade e o amor pela vida. O público nunca pensara que os professores fossem os alicerces das profissões e o sustentáculo do que é mais lúcido e inteligente em nós. Descobriu-se que o pouco de luz que entrava na sociedade vinha do coração dos professores e dos pais que arduamente educavam os seus filhos.(...)
Perceberam que a esperança de um belo amanhecer repousa em cada pai, cada mãe e cada professor e não sobre os psiquiatras, os juízes, os militares, a imprensa...(...) _ eles são a esperança do mundo.
Perante isto, os políticos, os representantes das classes profissionais e os empresários fizeram uma reunião com os professores em cada cidade de cada nação. Reconheceram que tinham cometido um crime contra a educação. Pediram desculpas e rogaram que eles não abandonassem os seus filhos.
Em seguida, fizeram uma grande promessa. Afirmaram que metade do orçamento que gastavam com armas, com o aparato policial e com a indústria dos tranquilizantes e dos antidepressivos seria investida na educação. Prometeram resgatar a dignidade dos professores, e dar condições para que cada criança da Terra fosse nutrida com alimentos no seu corpo e com o conhecimento na sua alma.(...)
Os professores choraram.(...) Há séculos que eles esperavam que a sociedade acordasse para o drama na educação. Infelizmente, a sociedade só acordou quando as misérias sociais atingiram patamares insuportáveis.
Mas, como sempre trabalharam como heróis anónimos e sempre amaram cada criança, cada adolescente e cada jovem, os professores resolveram voltar para a sala de aula e ensinar cada aluno a navegar nas águas da emoção.
Pela primeira vez, a sociedade colocou a educação no centro das suas atenções.(...)
Os jovens já não desistiam da vida. Já não havia suicídios. O uso das drogas dissipou-se. Quase já não se ouvia falar de transtornos psíquicos e de violência. E a discriminação? O que era isso? Já ninguém se lembrava do seu significado(...) O medo dissolveu-se, o terrorismo desapareceu, o amor triunfou.
As prisões tornaram-se museus. Os polícias tornaram-se poetas. Os consultórios de psiquiatria esvaziaram-se. Os psiquiatras tornaram-se escritores. Os juízes tornaram-se músicos. Os promotores tornaram-se filósofos. E os generais? Descobriram o perfume das flores, aprenderam a sujar as suas mãos para as cultivar.
E os jornais e as televisões do mundo? O que noticiavam, o que vendiam? Deixaram de vender mazelas e lágrimas humanas. Vendiam sonhos, anunciavam a esperança...
Quando se tornará esta história realidade? Se todos sonharmos este sonho, um dia ele deixará de ser apenas um sonho.
CURY, Augusto- Pais Brilhantes, Professores Fascinantes- Como formar jovens felizes e inteligentes, 1ª ed., 2004, páginas 159-167, Editora Pergaminho ( Texto com supressões)
terça-feira, 1 de julho de 2008
Os alunos do clube de leitura"Ler para Cresc(S)er
No dia 26 e 27 de Junho, os alunos que frequentam o clube de leitura “Ler para Cresc(S)er” realizaram, no âmbito das suas actividades, uma viagem de estudo ao Badoca ParK, situado em Santiago do Cacém e ao Oceanário de Lisboa.
Foi uma viagem de estudo interessante, não só do ponto de vista lúdico, como também do ponto de vista educacional, na medida em que havia uma preocupação em mostrar aos alunos uma realidade natural-a natureza e os animais - que é necessário preservar para bem da sustentabilidade do nosso planeta terra.
Como todas as actividades realizadas por este clube, esta viagem revestiu-se de algum trabalho suplementar e só foi possível graças ao apoio e contributo financeiro de algumas entidades locais, tais como:a Câmara Municipal de Mondim; à construtora Saldanha;as Juntas de Freguesia de Ermelo, Atei, Paradânça, Mondim de Basto ; ao mediador de Seguros da Companhia Fidelidade, José Luís; aos bancos BPI e Caixa Geral dos Depósitos; à Associação de Pais do Conselho de Mondim de Basto; às farmácias locais e funerária Pereira e Barros Lda.
Os responsáveis por este clube estão de parabéns pelo excelente trabalho realizado ao longo do ano lectivo.
Eis, então, alguns momentos que as máquinas fotográficas registaram. Quanto à felicidade e o entusiasmo vividos,esses são momentos difíceis de registar e ficam gravados na memória daqueles que os vivenciaram.
A Princesa dos Pés Pretos
esteve excelente e digna de ser vista. Revelou muito trabalho e empenho, quer da parte dos alunos que estavam felizes por poderem mostrar o que de muito se faz nas escolas, quer da docente que proporcionou esse momento de felicidade. Esta peça para além da componente lúdica, tinha uma componente educativa, virada para os valores da cidadania, na medida em que alertava a sociedade para a necessidade de preservar a natureza e salvar o planeta terra da poluição e da destruição humana.
PERSONAGENS
- BORBOLETA
- CAÇADOR DE BORBOLETAS
- PRÍNCIPE MALMEQUER
- PRINCESA DOS PÉS PRETOS
- MOCHO ADIVINHO
- CAVALEIRO VENTO
- BICHO DAS SETE CABEÇAS
Príncipe Malmequer
(está sentado junto à árvore, de cabeça baixa)
Borboleta ( esvoaça)
Caçador de Borboletas (persegue a borboleta e fala para o público)
Ei, quietos e calados! Chiuuu! Que esta maravilha está em falta na minha colecção. Mas desta vez não escapa, não! (vai devagarinho para tentar apanhar a borboleta)
Borboleta(vai pousar no príncipe malmequer)
Caçador de Borboletas
(tenta apanhar novamente a borboleta. Tropeça no malmequer e cai. A borboleta foge e sai de cena. O caçador fica zangado e desanimado.)
Para que foste nascer aqui? Corro há meses atrás daquela mariposa, apareces tu no caminho, passas-me uma rasteira, quase partia o meu narizinho.(...) Ai que dor!... (chora e esfrega o joelho)
Malmequer ( chora também)
Caçador(pára de chorar)
Malmequer(também se cala)
Caçador
- Mau! Ia dizer que este sítio tem eco.(chora)
Malmequer (chora)
Caçador
- Ai, ai, ai, ai! Alguém está a fazer troça da minha azelhice, ou será o espírito da borboleta que ficou a pairar no prado?
(admirado, tenta localizar de onde vem o som. Descobre o Malmequer).
- Quem és tu?
Malmequer
- Sou um malmequer.
Caçador(irónico)
- Malmequer? Logo vi! Fizeste com que perdesse uma bela borboleta para a minha colecção. Malmequer... não me quer bem, não. Olha... estou triste e muito zangado contigo.
Malmequer
- Não te zangues caçador. A minha tristeza é maior.
Caçador
- Maior que a minha? Pode lá ser! Não sabes o que é andar dias a calcorrear prados, escalar montanhas, trepar às árvores dos bosques à procura duma borboleta rara, tê-la à mão e, de repente, vê-la pisgar-se mesmo debaixo do nariz.
Malmequer
- Por uma borboleta estás triste. Como não hei-de estar eu, que choro porque uma desgraça se abateu sobre a minha família.
Caçador
- Donde vens tu? Onde moras?
Malmequer
- Vivo no seio da terra. Sou do reino das raízes, das sementes, dos grãos, das flores, das árvores, das montanhas, dos frutos, dos rios, das cores e das águas cristalinas. O meu reino está doente e não há meio de descobrir remédio para a aflição por que estamos a passar.
A princesa flor, minha irmã está muito mal. Tem os pés da cor do breu.
Caçador
-Conheço todas as cores, menos essa.
Malmequer
-A cor do breu é preta. Até eu, que era amarelinho, estou a ficar malhado. Bem mandámos chamar sabedorias, físicos, alquimistas, boticários, barbeiros e charlatões. Todos receitaram ervanárias, sangrias, tisanas, mezinhas, pós e pomadas, mas a princesa, essa, com os pés negros ficou. Eu começo a ficar estragado.
Um nevoeiro baço invade a minha terra. O que dantes era cor, beleza, alegria, hoje é triste, feio e cinzento.
Ando a correr mundo à procura de alguém que possa descobrir remédio para a doença que alastra. Queres ajudar-me?
Caçador(indeciso)
- Bom... no teu reino há borboletas?
Malmequer
- Se há! Mais de duzentas mil. Asas de Cristais multicolores. De noite, são como foguetes de lágrimas a bailar à luz dos pirilampos. De dia, são maravilhosos leques vivos de encher os olhos.
Caçador
- E... na tua terra pode-se caçar borboletas?
Malmequer
- Caçar? O que é isso?
Caçador
- Caçar... é prender, aprisionar, meter na gaiola...
Malmequer
- No meu reino não há prisões. Todos nascemos e morremos livres. Mas, para que queres tu aprisionar borboletas?
Caçador
- Para ser só eu a olhar para elas. Para poder dizer: fui eu quem as caçou. São minhas. Muito minhas.
Malmequer
- Se for só para olhar, levo-te ao meu reino e falarás com a minha amiga, a dama da couve, que é a rainha das borboletas.
Pelo caminho contar-te-ei uma linda história de amor, entre uma flor cor-de-rosa e uma borboleta azul. Anda. Falarás e conhecerás a minha irmã, a Princesa Flor.
Caçador
- E com a rainha das borboletas?
-
Malmequer
- Sim, também com essa.
Caçador de borboletas e príncipe malmequer
(fazem uma viagem até ao reino do príncipe malmequer)
Malmequer
- Chegámos. É aqui.
CENA II
Princesa dos pés pretos, Príncipe Malmequer, Mocho Adivinho e Caçador de Borboletas
(entram a cantar em coro. A Princesa tem os pés pretos e vem a chorar)
CORO
Do reino da natureza
A alegria foi-se embora,
O cinzento invade tudo
Tudo é triste, tudo é triste, tudo chora.
Até a princesa Flor
Chora que dói o coração
Tem os seus pés escuros
Tão negros, tão negros como o carvão.
Princesa(chorosa)
- Adivinho, o que vês?
Adivinho
- Desolação!
Todos
- Tchu...!
Adivinho
- Vejo agora um planeta a dar pancada num cometa, dentro da casa solar.
Princesa
- O que lês?
Adivinho
- Guerra nuclear!!!
Todos(arrepiados de medo)
- Credo em cruz, santo nome de Jesus!!!
Adivinho
- Lua Cheia e Lua Nova a fugirem do Leão. Uma com a mão no nariz, outra com o nariz na mão...
Princesa
- Que significa?
Adivinho
- Poluição!
Todos
- Breee!!!
Princesa
- Astrónomo pergunta agora à Estrela Polar se o Cavaleiro Vento demora muito a chegar.
Adivinho
- Estrelinha, estrelinha dalém, o cavaleiro vento vem ou não vem?
Cavaleiro Vento(entrando, roupas flutuantes)
- Cavaleiro Vento, que novas me trazes desse mundo lá de fora?
Vento(canta e fala para o público)
Sou vento aventureiro
Corro o mundo de lés a lés
O que vi por esse mundo
Não tem cabeça nem pés.
- Subi às nuvens, escorreguei pelas gargantas das montanhas, levantei as areias dos desertos, soprei os gelos dos pólos, empurrei as ondas do mar, deslizei nas neves dos montes, abanei as árvores das florestas, varri o capim das savanas. O que vi, deixou-me aterrado. São histórias de arrepiar.(...)
Que fazer? Uivar um lamento? Armar pé-de-vento? Não. Para esquecer a minha tristeza e dor, vou bailar ao redor. Vou tornar-me tornado, tempestade, ciclone, furacão. Vou assobiar aos ouvidos de todos os homens até dizerem não...à destruição.
(ouve-se o vento a soprar e as personagens tremem de medo. Depois acalma-se e sai)
Adivinho
(olhando para a bola de cristal)
- Princesa! Já vejo a solução para curar o teu mal e a nossa aflição.
Princesa
- Diz! Diz depressa o que vês!
Adivinho
- Vejo um bicho-de-sete-cabeças a vomitar fumo preto para o ar e a água negra do mar.
Vejo um enorme dragão a devorar florestas e a trincar cactos ressequidos.
Vejo uma flor, quase a abafar com falta de ar.
Vejo lixo a passear, o barulho a crescer, o nevoeiro a aparecer, a cor verde a fugir e o cinzento a vir.
Estou a ver a terra a ficar envenenada, a expirar e a morrer.
Todos(dizem e cantam em coro))
- Mas isto não pode ser, não!
É preciso matar o dragão!
Nasceu um bicho medonho
Cobra, serpente, dragão
Sete cores, sete cabeças,
Um nome: poluição!
Quem o fez, quem o pariu
Foi o homem e o seu bem-estar
Agora o bicho está vivo
Alguém o tem de matar.
- Tiremos à sorte para encontrar quem, dentre nós o há-de exterminar.(...)
Caçador
-E se me calha a mim? Nem pensar. Morro de medo e não completo a minha colecção de borboletas.
(continua a cantilena, depois de estar acabada...)
-Oh! Não! Calhou-me a mim!!!
Adivinho(para o caçador)
Para matar o dragão, presta a tenção: terás de lutar. Só com esforço, trabalho e coragem o conseguirás. (...)
Caçador(para o público)
- Que chatice, isto só me toca a mim!
Adivinho
- Vai e que a sorte esteja contigo.
Todos
- Que a coragem esteja contigo.
Princesa dos pés pretos, príncipe Malmequer e Mocho Adivinho(saem)
CENA III
Caçador (Inicia uma longa viagem e fala para o público)
- Quando chegar ao buraco do bicho não quero ouvir sussurro nem cochicho. Vamos fazer uma combinação? Todos têm de suspender a respiração para não acordar o dragão.
Já lá vão dois dias. (boceja)
Que sono. Vou matar o bicho... vou beber café para me manter em pé. (treme)
Já estou a tremer?
Eu cá não sou medroso, não senhor! É que o café põe-me nervoso. (...)Os meus olhos pesam toneladas. Vou descansar um pouquinho. (nota que há barulho na sala)
Chiuuu! Então, o combinado?
Bicho das Sete Cabeças
(está a dormir à porta do seu covil. O Dragão simboliza o reverso negativo do desenvolvimento e progresso industrial: a poluição do planeta nas suas diversas faces. O bicho das sete cabeças, ao mais pequeno barulho mexe-se)
Caçador(dormindo. A partir de determinada altura ressona forte)
Bicho das Sete Cabeças
(acorda furioso e ameaçador com o ressonar do caçador. Dirige-se ao caçador)
Caçador
- Aiii! Ó mãããeeeeee olhe ele!!! (foge para o público. De longe, põe-se a provocar o dragão)
- - Anda cá, julgas que tenho medo de ti? Faço-te num oito. Dou-te um nó nessas cacholas!
Bicho das Sete Cabeças(faz que sai do palco)
Caçador(Cheio de medo)
- Ai, que ele vem aí! Agarrai-me senão eu mato-o!
Bicho das Sete Cabeças
- Ó pá anda cá para a minha porta que eu é que te digo o arroz!
Caçador(fanfarronando)
- Anda cá que eu tiro-te a tosse, limpo-te o sebo, ó sebento!
- Andas para aí a estragar as florinhas, seu porcalhão!
Bicho das Sete Cabeças(sai do palco)
Caçador(para o público)
Socorro! Help! Valha-me Santo António que estou perdido! Ó mãe!!
Bicho das Sete Cabeças(ameaçador, vai para o palco aos berros atrás do caçador)
Princesa dos pés pretos, Príncipe malmequer e Mocho Adivinho(entram a cantar em coro)
Cantem seres da natureza
Canta chuva, canta mar
Ó ervas cantem em coro
Não é preciso chorar.
Morreu bicho peçonhento
Às mãos de quem o criou
Era um filho do homem
Homem fez, homem matou!
Caçador
Agora toca a avisar da morte do bicho. (grita)
-Matei o bicho!
Príncipe Malmequer, Princesa dos Pés Pretos e Mocho Adivinho
Princesa
- Os meus pés estão brancos como a neve.
Malmequer
- Já não tenho manchas cinzentas
Adivinho
- A cor verde voltou ao nosso reino.
Vento(entrando)
- Boas novas vos trago. Já não chove chuva que rói, a água está límpida, o ar está fino e puro, o mar não tem nódoas negras, as maçãs estão rosadinhas com saúde e um rouxinol canta uma bonita melodia.
Malmequer
- Bailemos, que nasceu um novo dia!
Todos, menos o caçador(bailam)
Adivinho
- Na floresta, vou organizar uma grande festa!
Caçador
- Ora esta. Estão a ver? Fui mata-bicho, liquidei um dragão, agora todos se esquecem de mim. Oh! Ingratidão, ingratidão!
Princesa(dirigindo-se ao caçador, canta)
(...)
Não há reis da Natureza
Reis nós somos tu e eu
Se vivermos um p’ró outro
Um novo dia nasceu.
Vento
- Adivinho, o que diz a bola?
Adivinho
- Vejo um casamento entre um Homem e uma princesa do Reino da Natureza. Mil anos de felicidade, muitos filhos... com certeza.
(Princesa dos Pés Pretos e Caçador de Borboletas juntos, de mãos dadas.)
Autor(desconhecido)
FIM
sábado, 21 de junho de 2008
Dramatização do 7ºA
a paternidade da dramaturgia espanhola com o autor Juan del Encina.
Obra intemporal, pela actualidade crítica às figuras tipo que encarnam os vários sectores da sociedade portuguesa quinhentista, como a justiça, a igreja..., o Auto da Barca do Inferno é, por excelência, a obra escolhida por muitas escolas e companhias de teatro para encenação.
Como encenador e actor, Gil Vicente foi único, mas os alunos do 7ºA também estiveram muito bem, tendo já dado, noutros momentos, mostras do gosto pela representação.
Aqui publicamos algumas fotografias, como forma de reconhecer o seu trabalho e o do seu professor.
quarta-feira, 18 de junho de 2008
História do "Dia da Criança"
Ano após ano a celebrar esta data, mas, talvez, nunca nos questionámos o porquê desta efeméride. Pois é, também nós nunca tivemos essa curiosidade e resolvemos pesquisar.
Então o que descobrimos? Ficámos a saber que, após a 2ª Grande Guerra Mundial, as crianças de todo o mundo enfrentavam grandes dificuldades: a alimentação era escassa e deficiente, os cuidados médicos quase não existiam; os pais não tinham para comer, quanto mais para os mandar estudar. Então, retiravam os filhos da escola e punham-nos a trabalhar arduamente. Mais de metade das crianças europeias não sabia ler nem escrever.
Face a este panorama, em 1950, a Federação Democrática Internacional das Mulheres, propôs às Nações Unidas que se dedicasse um dia a todas as crianças do Mundo.
O dia 1 de Junho foi a data escolhida pelos Estados Membros das Nações Unidas como o Dia Mundial da Criança.
Poemas e desenhos das nossas crianças
Desenhos dos alunos: Carolina, Sara, Diogo, Rui, Tatiana,Érica,Inês, Sofia e José Pedro.
Quando somos crianças
Somos felizes
Temos os pais que nos ajudam
Temos amigos e os irmãos que nos apoiam
Dia 1 de Junho
É um dia de brincadeira
É o dia da criança
Um dia de “ maluqueiras”
Somos crianças
Com muita sorte
Recebemos prendas
Para nós brincarmos
Se algum dia, por acaso,
Perderes a esperança
Simplesmente encontra
No olhar de uma criança
Eduarda Oliveira, Escola da Igreja, 3º ano
Nas tuas mãos um papel
Pode ser de mil cores
Um soldado sem quartel
Ou um jardim com flores
Um irmão com quem tu brincas
À apanha e ao pião
Um pão quente que tu trincas
Como só se trinca o pão
Pai que te faz companhia
Nos teus sonhos sempre belos
Uma mãe quente e macia
E que te afaga os cabelos
Tudo quando a vista alcança
E possas imaginar
Que só tu, doce criança
Consegues reinventar
Mariana Cardoso, Escola da Igreja, 3º ano
Das artes que eu conheço
Prefiro a música e a dança
Comemoro, eu mereço
O dia Mundial da Criança.
O dia Mundial da Criança
É para ser festejado
Em Portugal, Espanha e França
Assim como por todo o lado.
Filipe Manuel Gonçalves-5ºA
José Gonçalves Mesquita-5ºA
O Dia da Criança
É muito especial
Nem para todas as crianças
É um dia igual
Deixem-nos viver em paz
Como uma bola de sabão
Uma bola que nós somos
Que andamos de mão em mão
Deixem-nos viver em esperança
Num mundo sem dor nem raiva
Onde a fome não habita
E onde a guerra não caiba.
Ana Maria de Sousa-5ªA
Sou uma criança
Ando na escola para aprender
Sou pequenino agora
Mas amanhã irei crescer.
Na primária aprendi o a,b,c
A ler e escrever
Para quando for grande
Um homem vir a ser.
Ando na escola
Para aprender
Quando for homem
Um curso quero ter.
Nuno Arada-5ºA
Francisco Cerqueira-5ºA