“ Fui violada pelo meu pai”.
Envergonhada e confusa, a jovem guardara durante 13 anos o terrível segredo. Finalmente descobriu que a verdade a libertaria.
“Quando eu tinha 9 anos, vivíamos numa casa grande. Os meus dois irmãos dormiam no 1º andar, o meu ficava no rés-do-chão, perto do dos meus pais. Uma noite, depois do jantar, enquanto a minha mãe se encontrava numa reunião da associação de pais e professores, o meu pai entrou no meu quarto. Eu estava quase a adormecer. Ele aproximou-se da cama, deitou-se em cima de mim e violou-me. Naturalmente, não percebi o que estava a acontecer. Só me lembro de ter começado a chorar porque senti uma dor horrível. Quando tudo acabou, ele saiu do quarto, avisando-me: “ Nem uma palavra acerca disto à tua mãe. Não contes a ninguém. É o nosso segredo”. Chorei toda a noite.
Muitas pessoas julgam que o incesto só acontece em famílias pobres, degradadas, mas o meu pai não tinha a “desculpa” da bebida, da pobreza ou de qualquer deficiência mental. Os meus pais tinham bons empregos e a família vivia sem dificuldades.
Às quintas-feiras à noite a minha mãe tinha uma aula de ginástica que durava uma hora. Para mim esse dia era um pesadelo. Cheia de medo, mostrava-me absolutamente desatenta nas aulas e, em casa, recusava-me a falar.
Depois do trabalho, a minha mãe dava-nos rapidamente o jantar a mim e aos meus irmãos, e punha-nos na cama para poder sair mal o meu pai chegasse a casa. Embora ele por norma chegasse tarde, às quintas chegava muito mais cedo. Depois voltava a acontecer, sem qualquer troca de palavras. (…) Eu estava sozinha com o meu terrível segredo. Porque teima o meu pai em dizer que isto é um segredo? Por que o faz sempre quando a minha mãe não está em casa? Comecei a achar que não era um comportamento normal.
A certa altura, a minha mãe foi hospitalizada (…) e, então, totalmente à vontade, o meu pai passou a ir todas as noites ao meu quarto. Numa dessas noites, gritei-lhe que, se ele continuasse a fazer aquilo, eu contava à minha mãe. Sem dizer uma palavra, ele saiu do quarto (…).
Apesar de tudo, eu ainda tinha medo de ficar com ele sozinha (…). Aos treze anos, interrogara-me: “ Se contares, o que é que vai acontecer?”. Por mais que dissesse a mim mesma que a culpada não era eu, não conseguia deixar de sentir-me envergonhada.
Mais tarde, o meu pai abandonou a minha mãe para ir viver com uma mulher 25 anos mais nova. (…) Depois contei a minha história.(…)
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